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Do viscerótomo ao microscópio

Técnica histológica é o conjunto de operações que têm por fim transformar as células e os tecidos em preparações destinadas ao exame microscópico. Essas operações desenvolvem-se em fases sucessivas de acordo com princípios fundamentais da técnica histológica. Conceituando de forma romântica, a técnica histológica é a arte de tingir tecidos e células e o histotécnico é o grande pintor que prepara suas tintas (corantes).

Durante as epidemias de febre amarela, ocorridas entre as décadas de 1930 e 1970, um fragmento de fígado era retirado com o auxílio de um viscerótomo, colocado no fixador e encaminhado a seção de viscerotomia do Laboratório de Febre Amarela onde eram realizados todos os procedimentos histológicos, necessário para emissão do diagnóstico.

 

Processos envolvidos na obtenção do material para análise. (A) Ilustração artística da localização do fígado no corpo humano. Fonte: http://www.northarundel.com/patiented/articles/liver_000421.htm; (B) Frasco usado atualmente para a fixação do material; (C) Desenho esquemático de um viscerótomo. Fonte: http://www.northarundel.com/patiented/articles/liver_000421.htm; http://profiles.nlm.nih.gov/VV/B/B/K/Q/(D) Foto da seção de viscerotomia do Laboratório de Febre Amarela Fonte: http://profiles.nlm.nih.gov/VV/B/B/F/M/

Ao chegar no laboratório, o material era cortado em fragmentos menores (clivagem) sendo que, um deles seguia para processamento dando origem a lâminas para diagnóstico e o outro era armazenado como reserva técnica.

Clivagem: Imagem representativa da técnica de clivagem de uma amostra de fígado. Reserva técnica: Foto dos frascos originais da Coleção de Febre Amarela contendo material de reserva dos casos processados pelo Laboratório de Histopatologia da Febre Amarela.

Antes de 1950 e do surgimento do processador automático, o processamento dos tecidos era manual, feito através da troca do material histológico do fixador para diferentes graduações de álcool, agentes clareadores e parafina líquida para impregnação de tecidos. Após completar estes passos, os tecidos eram incluídos em moldes de papel; os blocos eram aparados em tamanhos adequados para a microtomia. O processo demorava vários dias, dependendo do volume de trabalho dotécnico.

Imagem à esquerda: etapas do processamento manual de tecidos. Imagem à direita: exemplo de processador automático utilizado atualmente na rotina da maioria dos serviços de patologia.

A ultima etapa do processamento consiste na impregnação do tecido processado em meio rígido, com a parafina.  Esta é empregada ainda na forma líquida, configurando um bloco de parafina com um tecido dentro quando da sua solidificação, completando a etapa denominada de inclusão.

Procedimento de inclusão de tecidos

Quando o bloco fica pronto, é então realizada a Microtomiaque é o procedimento para obtenção de fatias delgadas de tecidos, adquiridas com auxílio de navalhas em um aparelho denominado micrótomo. Este equipamento sofreu avanços tecnológicos que permitem a secção de fragmentos de tecidos finos (habitualmente 5 micrómetros) e semi-finos (de 1 a 3 micrómetros).

Microtomia de tecidos incluído em parafina

O preparado histológico após a microtomia é incolor, necessitando tornar mais nítida a sua observação. Para isto empregam-se substâncias capazes de tingir os constituintes dos tecidos denominada de corantes. Finalmente, uma vez corados, os cortes precisam ser colocados em condições tais que sua proteção e conservação fiquem asseguradas, a esta etapa chamamos de selagem (ou montagem).

Assim o tecido está pronto para ser analisado ao microscópio.

Coloração, selagem, microscopia e arquivamento de cortes histológicos.

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